domingo, 27 de setembro de 2015
Por Rafael Libaneo
A primavera mal começou mas aparentemente Verão veio para ficar. E veio com força.
Não nos é nem um pouco novo ver, todos os dias, em todos os horários, em todos os canais e das mais diversas formas, propagandas de cerveja. Se a propagando se concentrasse somente na venda da bebida, a coisa seria muito diferente.
Não nos é nem um pouco novo ver, todos os dias, em todos os horários, em todos os canais e das mais diversas formas, propagandas de cerveja. Se a propagando se concentrasse somente na venda da bebida, a coisa seria muito diferente.
Aparentemente cerveja é uma bebida destinada somente para homens, onde cabe a mulher somente servi-lo, de preferência com uma roupa bem curta, assim a câmera pode focar em seus seios, coxas e so depois no seu rosto. Gordas? Negras? Baixinhas? Não, essas não tem espaço algum nos comerciais de cerveja pois, além da objetificação feminina, os comerciais pregam a tão famosa ditadura da beleza, incansável, diga-se de passagem.
As propagandas objetificando a mulher ja são muito familiares ao público em geral, que na maioria das vezes ja não se espanta mais. Mas será que já não esta na hora de se fazer alguma coisa? Além da ditadura da beleza, as propagandas tem um cunho totalmente sexual e são de um machismo sem fim.
Essa é a mais recente propaganda:
Essa é a mais recente propaganda:
Um ponto que pode ser visto de forma mais específica, além da objetificação da mulher, a sua submissão perante ao homem. O papel da mulher sempre foi o de dona de casa, servindo ao homem e executando as tarefas assim ditas femininas, cuidar das tarefas do lar, cuidar das crianças e garantir o bem estar do seu marido. Com as conquistas, as mulheres começaram a sair de casa, ir trabalhar e isso ainda gera um certo desconforto para os homens;
“As mulheres costumavam ser criadas para ficar em casa e serem submissas aos homens. Hoje em dia, ainda podemos observar homens que não gostam que as mulheres trabalhem, mulheres que ouvem desde cedo que não são tão capazes quanto os homens e acabam considerando que a submissão e inferioridade é algo natural. Na sociedade patriarcal, a sujeição feminina acontece quando o homem é quem dita as regras e designa qual é o papel da mulher na sociedade.” (NIEM, 2014).
Um ponto que me chama muito a atenção quando vejo essas propagandas, é a forma como as pessoas reagem as mesmas; a mulher como objeto que pode ser usado quando bem se entende e já existe um problema gravíssimo no Brasil; o estupro.
Fonte: Sinan/Dasis/SVS/Ministério da Saúde. Dados de 2011.
Como mostra a tabela do Ministério da saúde, os casos de estupro feminino são alarmantes, visto que 88,5% dos casos acontece com mulheres.
Levando-se em conta que menos de 20% desses casos são levados até as autoridades responsáveis pela investigação, dificultando ainda mais as investigações e as punições cabíveis ao autor do crime.
Um típico, porém completamente errado, modo de pensar dos estupradores está relacionado com as vestimentas das mulheres. Segundo a delegacia da mulher, os relatos mostram que o estuprador acusava a vítima por ser culpada, já que a roupa que a mesma estava utilizando era curta demais, ou provocante demais. É muito comum ouvir que a mulher “estava pedindo”. Não! Ela não estava pedindo, e vale lembrar que o corpo é da mulher, se ela disse não, é não e não se discute.
A OBJETIFICAçÃO PUBLICITARIA.
“O que se vê hoje em dia na televisão é a “objetificação” feminina, justamente em tempos de ampla defesa da igualdade entre os sexos. Corpos femininos são vendidos em partes e não associados a outros atributos da mulher: músculos bem torneados e grandes ganham as mídias, enquanto seu poder intelectual pouco é abordado. O objetivo desse recorte é gerar mais recursos para os ricos mercados de cosméticos, a despeito deste ter trazido também malefícios para seu próprio público alvo. Depressão, anorexia e bulimia são algumas das consequências da sugestão desse padrão que a mídia ajuda muito a disseminar.”1
Uma pesquisa mostrou que na Bahia, onde sua população é majoritariamente negra, as propagandas locais retratam a mulher branca, objetificada e pouco se aborda sobre seu intelecto. Mulheres negras vem em segundo plano, mas mesmo assim só as jovens tem alguma representatividade. “Negras mais velhas raramente aparecem em um comercial, seguidas de homens negros que normalmente são retratados de forma pejorativa, atuando em papeis estereotipados.” (MORENO, 2008).
A questão da representatividade se torna cada vez mais grave. É uma forma velada do preconceito e do racismo, que são, em várias vezes, acompanhantes diretos do machismo.
Referências:
O estupro no Brasil:
A objetificação feminina na publicidade:
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