domingo, 8 de novembro de 2015
Por Bruna Corrêa.
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Feministas e o curioso caso da modinha que dura mais de século |
A minha rede social
favorita é o Twitter. Lá, além de poder fazer um diário virtual da minha vida (ou
xingar muito), posso acompanhar no meu feed os pensamentos das pessoas que
eu escolhi seguir – diferentemente do Instagram, os constantes “segue de volta”
não existem, ainda que também possua a opção de bloquear o seu perfil para
indesejados. Totalmente sem pressão, o twitter se desviou da curva das
tradicionais redes sociais e faz com que seus usuários tenham total liberdade
para se expressar, de maneira geral – principalmente com o recurso de
privacidade.
O Twitter permanece como o
reduto da vontade própria na internet – como poucas pessoas conseguiram se
adaptar a ele (principalmente pessoas mais velhas) seus usuários não precisam
adicionar os membros da família, chefes e pessoas da faculdade que eles tem de
aguentar diariamente no Facebook ou Instagram, por “educação”. Eu pertenço a
esta parcela da sociedade e não quero ver nada que me desagrade nesta rede
social, justamente porque já tenho isso nas outras. Por isso, sigo somente
amigos e pessoas que eu sei que me divertem ou que são interessantes.
Pois bem, recentemente eu
tive de sair da bolha que construí a minha volta a partir de uma conversa que
tive com uma amiga no Twitter. Ela postou uma foto obviamente feminista e de
legenda, colocou: “Nem é questão de ser feminista”. Daí pra frente rolou esta
conversa:
Na realidade, a discussão
se estendeu muito, além disto. Tentei argumentar com ela, explicar o que era
feminismo e tudo mais, e ela ofereceu alguns argumentos para não gostar do
termo. Na verdade, ela estava confusa – era adepta do feminismo, mas não queria
enxergar por pura ignorância; no sentido de que ela não sabe o que realmente significa
e também não deseja saber. É uma coisa que acontece com uma frequência
alarmante e senti a necessidade de separar os prints acima para esclarecer algumas dúvidas que pairam sobre o
feminismo (A Nina Lavezzo fez um ótimo post explicando o termo, que pode ser
conferido aqui.)
FEMINISTA POR MODINHA
“Modinha” é um termo usado
para denominar certa coisa que subitamente ficou popular e atrai seguidores que
gostam disto somente pelo fator da popularidade. O feminismo está ganhando
forças recentemente, sem dúvidas. Com o tema da redação do ENEM, então, o
assunto da violência doméstica foi imensamente comentado em todas as mídias e
muitas pessoas pararam para pensar sobre o que toda a comoção significava. As
feministas, portanto, foram ao facebook comemorar esta vitória e aparentemente
incomodaram muitas pessoas. Falar que o feminismo está ganhando adeptos e
popularidade é uma coisa, outra totalmente diferente é chama-lo de modinha.
Primeiramente, não é algo passageiro – afinal, são mais de cem anos de luta – e
é como dizer que ajudar o Médicos Sem Fronteiras ou lutar pelo direito à vida
também são “modinhas”. O feminismo é um sinônimo para igualdade. Sempre foi.
Para ficar mais claro, um
vídeo onde Emma Watson, embaixadora da ONU Mulheres, entrevista Malala Yousafzai,
escritora do livro “Eu Sou Malala”. Nele, Malala se identifica como feminista e
encoraja as pessoas a não terem medo desta palavra.
MULHER BABACA QUE GRITA QUE
É FEMINISTA PARA HUMILHAR HOMEM
O feminismo, como dito,
quer dizer “igualdade de gêneros”. O femismo, porém, alega a superioridade
feminina perante a masculina. Portanto, nenhuma feminista tomaria a atitude
ilustrada pela minha amiga, justamente porque não queremos humilhar homem
algum. De toda forma, não consigo ver como um homem se sentiria humilhado por
uma mulher que lhe conta que é feminista – “olha, sou feminista, tenho os
mesmos direitos que você!” – isto não é humilhação, é a realidade. No entanto,
é interessante notar que os homens foram sempre favorecidos e as mulheres,
sempre humilhadas por sua condição mais “frágil”. Triste pensar que a nossa
sociedade machista sempre culpabiliza a mulher perante o homem.
A FAVOR DOS DIREITOS
HUMANOS, MAS NÃO DO FEMINISMO
“Considerando que os povos das
Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor do
ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que
decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma
liberdade mais ampla, a Assembleia Geral proclama a presente Declaração
Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os
povos e todas as nações…” (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS,
Preâmbulo, 1948).
Embora comum, a alegação de
que “é favor dos Direitos Humanos, mas não do feminismo” é a mais falaciosa de
todas. Como mostrado, no próprio preâmbulo da DUDH está explícito que a
igualdade de direitos entre homens e mulheres é um direito humano fundamental,
tão importante quanto o valor do ser humano. O feminismo é exatamente a
igualdade de direitos entre homens e mulheres, e falar que não acredita nisto é
renegar a própria Declaração. Portanto, não há separação. O feminismo é um
direito humano e não pode ser desassociado dos outros.
CARRILHO, Vinício. Femismo
ou Feminismo? Gente de Opinião. 27-09-2015. Disponível em: http://www.gentedeopiniao.com.br/noticia/femismo-ou-feminismo/14350.
Acesso em: 08/11/15
ONU. Declaração Universal
dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf
Acesso em: 08/11/15
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