sábado, 14 de março de 2015
Texto de Rafael Libaneo
Quando se fala em esporte, logo se tem a imagem do homem como protagonista.
Futebol, vôlei, basquete etc etc etc...
Todos esses esportes possuem suas copas do mundo femininas mas, na realidade, pouca gente conhece.
Quantas pessoas você ja viu na rua com a camisa da seleção brasileira de futebol, mas no lugar de fulano (insira aqui um nome de um jogador famoso), Marta?
Pois é, raramente se vê isso. Eu particularmente nunca vi.
Mas calma, antes disso, quero deixar claro que não vou falar somente da entrada das mulheres nos esportes, mas das muçulmanas.
Em 2010, um projeto sobre surf teve seu inicio. Mas não era qualquer projeto.
A cineasta Marion Poizeau e a surfista irlandesa Easkey Britton foram até uma cidade no sudoeste iraniano atrás de novas experiências. O ponto crítico da produção era como entrar e filmar no Irã, um país conhecido pelo ocidente como extremo, belicoso e intolerante. As leis sobre o Hijab [1], véu utilizado pelas mulheres para simbolizar o seu sacrifício para com um único homem , são muito específicas. Todas aquelas maiores de doze anos (pode variar de família para família) e todas aquelas casadas devem se cobrir ao sair de casa. No Irã, é mandatório que todas aquelas, muçulmanas ou não, cubram suas cabeças como forma de respeito. Mas então como se surfa? Foi nesse ponto onde Marion e Easkey descobriram seu primeiro obstáculo; surfar totalmente coberta. Se cobriram da cabeça aos pés e entraram nas águas de uma praia completamente deserta. Passadas algumas horas, a praia ja estava lotada de homens acompanhando a atleta. A partir deste ponto, foi possível perceber o caráter patriarcal carregado, onde somente homens vão a praia. Gostaria de deixar claro que nenhum juízo de valor cultural esta sendo feito, somente a exposição de como se manifesta a cultura no âmbito sociopolítico iraniano.
O tal local escolhido para ser cenário do filme se chama Buluchistan, não só é a única região no Irã onde existe a possibilidade de se praticar o esporte como também a região mais pobre do país. O filme se tornou um projeto visando a integração das mulheres na sociedade via esporte, mais especificamente o surf. Além da integração das mulheres, a prática do esporte traria uma nova visão a região, ampliando seu potencial econômico via turismo.
O documentário abre nossos olhos para a falta de protagonismo feminino nos esportes.
A seleção feminina de futebol possui onze títulos, sendo eles: seis vitórias na Copa América, uma vitória nos Jogos Mundiais Militares, dois Jogos Pan-americanos e duas Universíadas.
O esporte pode ser um meio de integração e quebra de estereótipos, tal como o do “sexo frágil”, um termo capacitista, inferiorizando as mulheres fisicamente. Infelizmente isso é uma realidade crescente. Antes da Copa do Mundo, a Fifa anunciou um investimento de 100 milhões no futebol brasileiro, 75% desse dinheiro foi para investimentos no futebol masculino, enquanto 25% desses foi para o futebol feminino. A falta de investimento pode ser a causa estrutural da falta de apoio e adesão ao esporte. Essa falta de apoio não se da somente no futebol, mas em várias outras modalidades esportivas, onde os homens sempre tiveram maior reconhecimento.
Uma outra medida que pode colocar em prática o esporte feminino é a desmistificação do mesmo, quebrando o sexismo que o ronda. Partindo desse pressuposto, teríamos mais atletas no futuro e uma prospecção de investimentos melhor.
Voltando as muçulmanas, ambas produtoras do filme foram conversar um um senhor que morava na região, e esclarecer algumas dúvidas sobre a prática de esportes por mulheres. A resposta foi, como dizem as duas, inesperada. O senhor, também líder regional, respondeu as duas afirmando os benefícios da prática de esportes pelas mulheres, “(…) a prática de esportes ajuda o corpo e o espirito” e afirmo que as iranianas tem a permissão de praticar esportes, inclusive o surf, desde que tenha aulas com professoras e que se cubram.
Liberdade esportiva as mulheres!
FONTES:
1- http://www.al-islam.org/hijab-muslim-womens-dress-islamic-or-cultural-sayyid-muhammad-rizvi/why-hijab
2-http://wavesoffreedom.org
3- Canal Off Brasil
4-http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-cobra-da-cbf-mais-investimentos-no-futebol-feminino,1526628
Quando se fala em esporte, logo se tem a imagem do homem como protagonista.
Futebol, vôlei, basquete etc etc etc...
Todos esses esportes possuem suas copas do mundo femininas mas, na realidade, pouca gente conhece.
Quantas pessoas você ja viu na rua com a camisa da seleção brasileira de futebol, mas no lugar de fulano (insira aqui um nome de um jogador famoso), Marta?
Pois é, raramente se vê isso. Eu particularmente nunca vi.
Mas calma, antes disso, quero deixar claro que não vou falar somente da entrada das mulheres nos esportes, mas das muçulmanas.
Em 2010, um projeto sobre surf teve seu inicio. Mas não era qualquer projeto.
A cineasta Marion Poizeau e a surfista irlandesa Easkey Britton foram até uma cidade no sudoeste iraniano atrás de novas experiências. O ponto crítico da produção era como entrar e filmar no Irã, um país conhecido pelo ocidente como extremo, belicoso e intolerante. As leis sobre o Hijab [1], véu utilizado pelas mulheres para simbolizar o seu sacrifício para com um único homem , são muito específicas. Todas aquelas maiores de doze anos (pode variar de família para família) e todas aquelas casadas devem se cobrir ao sair de casa. No Irã, é mandatório que todas aquelas, muçulmanas ou não, cubram suas cabeças como forma de respeito. Mas então como se surfa? Foi nesse ponto onde Marion e Easkey descobriram seu primeiro obstáculo; surfar totalmente coberta. Se cobriram da cabeça aos pés e entraram nas águas de uma praia completamente deserta. Passadas algumas horas, a praia ja estava lotada de homens acompanhando a atleta. A partir deste ponto, foi possível perceber o caráter patriarcal carregado, onde somente homens vão a praia. Gostaria de deixar claro que nenhum juízo de valor cultural esta sendo feito, somente a exposição de como se manifesta a cultura no âmbito sociopolítico iraniano.
O tal local escolhido para ser cenário do filme se chama Buluchistan, não só é a única região no Irã onde existe a possibilidade de se praticar o esporte como também a região mais pobre do país. O filme se tornou um projeto visando a integração das mulheres na sociedade via esporte, mais especificamente o surf. Além da integração das mulheres, a prática do esporte traria uma nova visão a região, ampliando seu potencial econômico via turismo.
O documentário abre nossos olhos para a falta de protagonismo feminino nos esportes.
A seleção feminina de futebol possui onze títulos, sendo eles: seis vitórias na Copa América, uma vitória nos Jogos Mundiais Militares, dois Jogos Pan-americanos e duas Universíadas.
O esporte pode ser um meio de integração e quebra de estereótipos, tal como o do “sexo frágil”, um termo capacitista, inferiorizando as mulheres fisicamente. Infelizmente isso é uma realidade crescente. Antes da Copa do Mundo, a Fifa anunciou um investimento de 100 milhões no futebol brasileiro, 75% desse dinheiro foi para investimentos no futebol masculino, enquanto 25% desses foi para o futebol feminino. A falta de investimento pode ser a causa estrutural da falta de apoio e adesão ao esporte. Essa falta de apoio não se da somente no futebol, mas em várias outras modalidades esportivas, onde os homens sempre tiveram maior reconhecimento.
Uma outra medida que pode colocar em prática o esporte feminino é a desmistificação do mesmo, quebrando o sexismo que o ronda. Partindo desse pressuposto, teríamos mais atletas no futuro e uma prospecção de investimentos melhor.
Voltando as muçulmanas, ambas produtoras do filme foram conversar um um senhor que morava na região, e esclarecer algumas dúvidas sobre a prática de esportes por mulheres. A resposta foi, como dizem as duas, inesperada. O senhor, também líder regional, respondeu as duas afirmando os benefícios da prática de esportes pelas mulheres, “(…) a prática de esportes ajuda o corpo e o espirito” e afirmo que as iranianas tem a permissão de praticar esportes, inclusive o surf, desde que tenha aulas com professoras e que se cubram.
Liberdade esportiva as mulheres!
FONTES:
1- http://www.al-islam.org/hijab-muslim-womens-dress-islamic-or-cultural-sayyid-muhammad-rizvi/why-hijab
2-http://wavesoffreedom.org
3- Canal Off Brasil
4-http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-cobra-da-cbf-mais-investimentos-no-futebol-feminino,1526628
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