sábado, 16 de maio de 2015


Terrorismo, extremismo, ignorância, atentados, barba, burca, submissão... Essas são algumas palavras que vêm na mente de muitas pessoas quando se fala em Islamismo. Mas será que é tudo isso mesmo? Será que as mulheres são realmente submetidas a atrocidades em todos os países muçulmanos? O que será que elas acham disso? Vou tentar expor um pouco dessa realidade, um tanto quando distante da nossa no post dessa semana. 


A primeira coisa que devemos ter em mente sobre o islamismo é a nossa posição perante o mesmo. Vivemos no ocidente, cercados de valores completamente diferentes daqueles pregados no oriente, e ainda mais diferente de todos os valores pregados pelo islamismo. 
O Corão, livro sagrado do islamismo vem sido usado recentemente para pregar a igualdade de gênero. Segundo o Sheikh Jihad Hassan Hammadeh "É importante lembrar que o Criador diz no Alcorão que homens e mulheres são iguais em deveres e obrigações."  E utiliza duas passagens do livro para explicar a sua colocação:

"Quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos fiéis e às fiéis, aos consagrados e às consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às que se recordam d'Ele, saibam que Deus lhes    tem destinado a indulgência e uma magnífica recompensa." (33 Surata, versículo 35)"As divorciadas aguardarão três menstruações e, se crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, não deverão ocultar o que Deus criou em suas entranhas. E seus esposos têm mais direito de as readmitir, se desejarem a reconciliação, porque elas têm direitos equivalentes aos seus deveres, embora os homens tenham um grau sobre elas, porquanto Deus é Poderoso, Prudentíssimo." (2 Surata, versículo 228)


Durante esses trechos, é defendida a tese de que os gêneros são iguais em deveres e obrigações, inclusive até o divorcio é um fato legalizado pelo Corão, onde ambos, tanto o homem quanto a mulher, podem pedi-lo, seguindo a regra da menstruação, garantindo assim que a mulher não esta gravida. 
O ponto apontado como problematico nas relações de gênero na religião islâmica é de que a mulher é submissa e não tem direito sob sua vida, e tal submissão seria um fator colocado como correto no Corão. 

A lógica de leitura do livro sagrado tende e é machista pelo simples fato de que, desde o início, quando as orações eram feitas quando a religião tinha apenas nascido, as orações e leituras sempre foram feitas pelos homens, empregando sua visão sobre o que estava escrito e como seriam feitas as leias. 
A revista ISTOÉ entrevistou em 2001 a muçulmana Magda Aref e questionou exatamente os valores muçulmanos que sao vistos como submissão. Quando questionada se existe igualdade entre homens e mulheres no islamismo, Magda responde:

"Isso é um assunto muito discutido. Porque a mulher muçulmana é vista pelo Ocidente como uma mulher que tem menos direitos, inferiorizada, submissa? Até pela própria veste se associa isso. Para o Ocidente o fato da mulher usar o véu é sempre associado à submissão e ignorância. Já para a mulher muçulmana o véu é entendido como algo que a dignifica, dá valor, que impõe respeito. É uma idéia diametralmente oposta à que o Ocidente faz do véu e da própria mulher. 

Quanto aos direitos e deveres, o Alcorão é bem claro quando diz que a mulher tem direitos sobre o marido e o marido sobre a mulher.O Islã foi uma religião que inovou nos direitos da mulher em coisas que a Europa só conseguiu há pouco tempo. A mulher no Ocidente não votava. A muçulamana tem esse direito desde o surgimento do Islã. A mulher tem o direito ao divórcio e à herança, o que é bem mais recente na Europa."  


Neste ponto, podemos perceber que os ideias são muito distintos.

Um outro fator um tanto quanto problemático apontado por Cila Lima, em seu artigo para a Revista Estudos Femininos da Universidade de São Paulo, é difícil colocar a luta das mulheres ocidentais em conjunto com as feministas islâmicas em certos períodos, a autora coloca o problema do foco da luta; 

"nos anos de 1970 a 1980, em que as feministas acusavam as islamistas de ativismo reacionário e conservador e de apoio a concepções fundamentalistas de subordinação da mulher, enquanto as islamistas acusavam o feminismo de se associar ao Ocidente, ao colonialismo dominante e à religião judaico-cristã, além de acusá-lo de imoral." (LIMA, 2014) 


No video acima, é possível perceber vários aspectos ja citados previamente, mas os relatos mostram que grande parte do preconceito existente verso as mulheres islâmicas, vem da falta de conhecimento sobre do que se trata. 

O FEMINISMO NO MUNDO ÁRABE
 TURQUIA

No mundo árabe, o feminismo se apresenta de diversas formas em países diferentes, já que leis relacionadas a mulheres e homens são diferente de país para país. 
Na Turquia, todo o movimento feminista pode ser dividido em quatro partes:

"da reforma modernizadora otomana, período Tanzimat (1839-1876) a 1923, sob influências de ideias francesas e estadunidenses; de 1923 a 1960, as intervenções nacionalistas e ocidentalistas da República Kemalista, o "feminismo de Estado"; de 1960 a 1990, a consolidação do feminismo secular kemalista e do feminismo secular crítico ao kemalismo; e pós-anos 1990, o feminismo secular sendo questionado por mulheres islamistas." (LIMA,2014)

Analisando a periodicidade do feminismo turco, vemos que existe uma sequencia de fatos políticos que geram uma mudança n caminhar do pensamento, assim como também existe a introdução de valores ocidentais. 

Ainda analisando o artigo de Lima, vemos que a unidade é principio no islã a muito tempo:

"O feminismo islâmico é um movimento que se autodefine por objetivar a recuperação da ideia de ummah(comunidade muçulmana) como um espaço compartilhado entre homens e mulheres. Para isso, utiliza a metodologia de releitura das escrituras do Islã por meio das práticas de ijtihad (livre interpretação das fontes religiosas) e da formulação analítico-discursiva de busca pela justiça e pela emancipação das mulheres, que seriam expostas nas releituras dos textos sagrados numa perspectiva feminista. A espinha dorsal dessa metodologia é a prática do tafsir (comentários sobre o Alcorão). Além do Alcorão, também são objetos de releituras os ahadith (dizeres e ações do profeta Muhammad) e o fiqh (jurisprudência islâmica)." (LIMA, 2014)

A busca por conhecimento sobre o islamismo é um fator muito importante para podermos desenvolver uma sociedade menos preconceituosa, deixando de limitar o espaço e aprender a entender culturas alheias. É importante saber que nem tudo que lemos ou vemos é realmente como se fala. 

Por Rafael Libaneo.

FONTES: 
-LIMA, Cila. Um recente movimento político-religioso: feminismo islâmico. Revista Estudos Femininos, Florianópolis, vol.22, maio/Agosto 2014. 

-http://www.terra.com.br/istoegente/exclusivo/outubro2001/muculmanos.htm

-http://www.islamemlinha.com/index.php/artigos/a-familia-muculmana/item/as-tradicoes-islamicas-e-o-movimento-feminista-confronto-ou-cooperacao







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