terça-feira, 10 de março de 2015

Texto de Rafael Libaneo 

Escrever para uma página sobre o feminismo, acompanhado por colegas que escrevem de forma incrível é no mínimo assustador. Calma, vou me explicar.
Ouvi incontáveis vezes que homem não deveria protagonizar nem mesmo falar sobre feminismo, cabe somente as mulheres e é isso aí. Entendo isso. Não sofro da metade das coisas que as mulheres sofrem pelo simples fato de eu ser homem, mas cá estou eu, que também luto pela igualdade entre todos.
Pensei em vários temas dos quais poderia escrever um post interessante. Mas novamente me deparei com algumas barreiras societais. Mas e aí, Rafael, você vai falar do quê, rapaz?
Lendo, lendo e lendo várias coisas na internet, me deparei com o termo MENINIST. Fiquei curioso e fui procurar ver do que se tratava.


Os “meninistas” são homens que não concordam com o feminismo pois acham que também são discriminados pela sociedade, sofrendo também opressão e preconceito. Sim, você leu certo.
Todos os dias, milhares de mulheres sofrem da violência doméstica, tem o salário inferior aos dos homens exercendo o mesmo cargo, sofrem com taxas absurdas de estupro.
O discurso “meninista” se baseia na argumentação feminista. Utilizam o que chamam de “Double Standards”, ou “normas duplas”, logo, tudo que é utilizado pelas feministas é apropriado e colocado contra os próprios argumentos feministas.
O feminismo luta pela igualdade entre os sexos e, para os meninistas, o “meninismo” seria a luta masculina pela igualdade, ou seja, uma forma de expressão dos homens.
Neste ponto, você ja deve estar se perguntando por que esse povo faz isso. Eu também não sai, mas eles apontam, mais uma vez, as mulheres como culpadas por sofrerem abusos sexuais, ja que elas, teoricamente, estariam provocativas demais.
Quantas vezes você não ouviu alguém falando “vai sair com essa roupa? Você não acha perigoso?” ou quando você ouve uma notícia sobre alguém que foi estuprada “aposto que ela estava usando uma roupa curta!”. 
Opa, pera aí!
Segundo a estatística divulgada pelo Instituto de Segurança Pública, só no estado do Rio de Janeiro, 4.872 mulheres foram estupradas no ano de 2013, o que leva a um número de 13 estupros por dia. Num plano nacional, também em 2003, foram relatados 50.320 estupros.
Um dos principais problemas nos dados estatísticos referentes a estupro é a falta de denuncia. Estima-se que apenas 35% dos casos sejam relatados a alguma autoridade, o que dificulta o detalhamento das pesquisas. Os dados são colhidos seguindo o critério de estupro por taxa de 100mil pessoas. O estado com o mais número de estupros é Roraima, com 66,4 casos por 100 mil  habitantes. Roraima é seguido por Mato Grosso do Sul com 48,7 e Rondônia com 48,1.

E o culpado?

Não é a mulher.
Em 2011, em Toronto, Canada, teve origem um movimento que tomou o mundo conhecido como "Marcha das Vadias" (slut walk). O movimento originou-se após um policial se dirigir a um grupo de garotas que teriam sofrido alguma forma de abuso sexual e falar que as mulheres poderiam evitar o estupro mudando a forma como se vestem.

No Brasil, a “cultura do estupro” cresce cada dia mais. Sempre se aponta a forma como as mulheres se vestem, acusando-as de darem a liberdade aos homens, já que as roupas era muito curtas, ou provocantes demais.
Estupro é crime!
Segundo o código penal:      
         “Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.”

A partir de o momento em que uma mulher é violentada, a culpada não é ela. E sim seu agressor.


OS ABUSOS:
Não seria possível viver na pele o que as mulheres passam diariamente, logo, perguntei no facebook se alguma delas já teria sofrido algum tipo de abuso, seja ela verbal, físico, moral pessoalmente ou online. As respostas são chocantes: 





 OS AVANÇOS:

Ontem, no dia 08 de março de 2015, a presidenta Dilma Rouseff sancionou a lei que pune o feminicidio.
“A chamada Lei do Feminicídio prevê penas que podem variar de 12 a 30 anos de prisão.
A lei foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (3) e inclui o crime de assassinato de mulheres por razoes de gênero entre os tipos de homicídios qualificados. O texto também aumenta, de um terço até a metade, a pena se o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses posterior ao parto.
Também são considerados agravantes o homicídio de mulheres menores de 14 anos ou acima de 60 anos, pessoa com deficiência ou se cometido na presença de descendente ou ascendente. A classificação como crime hediondo impede a fiança e dificulta a progressão de regime de condenados.
Em uma pesquisa realizada em 2013, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) constatou que o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios entre 2009 e 2011, o que indica uma taxa de 5,8 casos para cada 100 mil mulheres.”

Finalmente um avanço!
Mas até quando teremos que aturar os abusos?


FONTES:
8° Anuário Brasileiro de Segurança Pública
Código Penal Brasileiro
Www.brasil.gov.br/governo/2015

2 comentários:

  1. Muito legal seu post, Rafa. Eu, Fabiana, pessoalmente, acho mó chato esse negócio de dizer que homem não pode ser feminista. Hello, a gente tá toda cagada, precisamos de toda a ajuda que pudermos!!! Bom saber que tem homens que lutam por nós, de diferentes formas, através de posts em blogs e discussões em sala!

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  2. Muito bom o texto.
    Só recomendo fazer a correção de alguns erros no texto:
    _No 9 parágrafo, a palavra "sei" foi escrita como "sai".
    _No 11 parágrafo, o dado consta 2003 mas suponho que seja 2013
    _No parágrafo que segue o subtítulo "E o culpado", acredito que Canadá tenha que levar acento por estar escrito em português.
    Talvez haja outros erros que não identifiquei

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