segunda-feira, 20 de abril de 2015

Desde que o mundo é mundo, sabemos que algumas coisas são para meninos e outras são para meninas. Algumas roupas são para meninos e outra, para meninas. Mas até que ponto isso influência nossa forma de ver a diversidade no futuro?


Podemos dizer que esses ensinamentos vem da discussão de gênero, ou seja, masculino e feminino. Essa carga de ensinamentos nos é passada a muito tempo, e já esta arraigada no meio o qual estamos inseridos, tornando difícil a fuga desses padrões predefinidos de como se portar, que roupa usar e como usar, o que falar o que não falar.


Sabemos que algumas ideias ja são estabelecidas sobre cada um: a mulher deve cuidar do lar, ser mais fraca que o homem, mais emotiva e deve saber cozinhar bem. No passado, esses critérios era avaliados, literalmente, quando uma moça era prometida a um jovem rapaz. Caso ela não soubesse cozinhar, passar e cuidar da casa com esmero e carinho, ela não era digna de casório. Já aquela que executava todos os afazeres domésticos com maestria, a essa sim “é pra casar!”. 

Já os homens, esses tinham (tem) que manter a imagem da fragilidade física e emotiva completamente opostas às das mulheres; eles tinham que ser fortes, ter um emprego, colocar a comida dentro de casa e, no final do dia, após sua jornada de trabalho, sua mulher tinha que o recepcionar com a janta pronta e um sorriso no rosto.


A imagem da mulher como inferior ao homem tem presença no Brasil desde que a Coroa Portuguesa tomou posse da "Terra Brasilis" e, como um dos objetivos também era povoar, conventos não era incentivados e a imagem que se pregava das mulheres, era a da dona de casa:

"A situação de destaque da mulher no quadro de relações concubinárias vinha, por outro lado, incentivar a Igreja a irradiar um discurso normatizador cujo objetivo era valorizar o casamento e, dentro dele, as funções da maternidade, a fim de converter as populações femininas a um modelo de comportamento que fosse útil ao projeto civilizatório e colonizador. (DEL PRIORE, 1993, 66)"

Quem não lembra do temido Coronel Jesuíno, de Gabriela Cravo e Canela de Jorge Amado, encenado recentemente por José Wilker? Jesuíno era homem "arretado", que carregava a 38 na cintura e resolvia seus problemas na base de suas leias. Casado com Sinhazinha, a única coisa que o coronel fazia com sua mulher era usa-la como se essa fosse um objeto. Ele era o chefe de casa e Sinhazinha tinha de ser uma ótima dona do lar. Até o dia que ela, apaixonada por outro homem, trai o coronel, que por sua vez, assassina Sinhazinha e seu amante, lavando assim sua honra. 

“E toda aquela gente terminava no bar de Nacib, enchendo as mesas, comentando e discutindo. Não se elevava voz — nem mesmo de mulher em átrio de igreja — para defender a pobre e formosa Sinhazinha. Mais uma vez o coronel Jesuíno demonstrara ser homem de fibra, decidido, corajoso, íntegro. (AMADO, 1958)

Mas e hoje, como fica toda a situação de gênero?
Continua complicada.

Sabemos que a luta pelo fim dos estereótipos é grande, mas todos os ensinamentos passados com os anos, continuam criando uma viseira na mente das pessoas.


Resolvi fazer uma experiência durante algumas horas na faculdade. A ideia era bem simples; usar uma saia e ver a reação das pessoas.

Achei que seria uma coisa bem tranquila de se fazer, mas não foi. Não foi pois o primeiro obstáculo que encontrei foi o meu próprio constrangimento de estar usando uma saia. Confesso que nos primeiros minutos, fiquei desconfortável, com vergonha e pensando no que os outros pensariam de mim. Foi exatamente neste momento em que eu me toquei que, todos os "ensinamentos" de "isto é para menina e isto é para menino" ainda estavam enraizados em mim. Foi nessa hora em que eu percebi a necessidade de fazer aqui, primeiro para me livrar de todo estigma social de que nos devemos fazer o que nos é imposto e segundo, pois eu precisava escrever um post sobre aqui rs. 

Ouvi piadinhas, comentarios como "nossa, você ta de saia?", pessoas com sorrisos amarelos olhando tentando disfarçar o espanto e outras que realmente não estavam nem ai. 

Pude me colocar no lugar de todos aqueles que lutam diariamente para serem reconhecidos como são, mas são julgados pela sociedade. 

Um outro assunto muito discutindo nessa area de menino e menina é a sexualidade das crianças. Cada dia mais, vemos no feed do facebook e ademais locais, pais que optaram por deixar que seus filhos se vistam e ajam da maneira como bem entende. 

A filha de um dos casais mais famosos das telonas passou pelo julgamento social. Shiloh, de oito anos, filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, causou muitos comentários após sua aparição no tapete vermelho usando o cabelo curto e um terno. 

Talvez se deixássemos que cada criança descubra quem ela é e como ela se vê, a passagem por esse processo transitório seja mais simples. 

E teja dito, azul é de menina, rosa de menino!

FONTE:
"Isso é coisa de menino. E de menina também!" http://oficinadeimagens.org.br/isso-e-coisa-de-menina-e-de-menino-tambem/

"Coisa de menino. Coisa de menina. Será?http://revistaescola.abril.com.br/formacao/coisa-menino-coisa-menina-sera-431455.shtml?page=1

DEL PRIORE, Mary. Ao Sul do Corpo – condição feminina, maternidade e mentalidades no Brasil Colônia. Brasília: Edunb, 1993, P. 43-101.



Um comentário:

  1. Muito bom, só uma crítica: Deixássemos é sem hífen mesmo (pelo menos era até a última revisão ortográfica, acho que não mudou). No mais, ótimo texto!

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