quinta-feira, 9 de abril de 2015
Texto de Helena Siqueira

Fonte: Google Imagens

Se tem uma coisa que eu ainda não consegui desenvolver na minha vida foi um tal "senso de organização", aquilo de conseguir organizar o seu tempo, seus estudos, o  guarda roupa e a playlist musical sabe !? Então, não tenho.

E se você conhece alguém que ainda diga: "Meninas não fazem tanta bagunça quanto os meninos!", faço questão que essa pessoa tenha a experiência traumatizante de visitar meu quarto ou mesmo só tentar entender minha playlist de músicas do celular, pra perceber que independente da minha genitália/gênero é possível ter bagunça em qualquer lugar que eu esteja.

Dentro dessa bagunça toda se encontra o meu gosto musical indefinido já citado, que me faz conhecer muita coisa boa  (existem exceções a essa regra, confesso).

 Mas... Hoje estou aqui pra falar de um achado muito especial : As mulheres no mundo da música. Porque isso seria um achado? Te desafio a pensar em pelo menos 10 boas bandas de grande reconhecimento com vocais femininos (talvez você seja uma mente mais evoluída que eu e consiga, enfim... Caso consiga comente aqui pra eu baixar). O que me passou pela cabeça é que talvez eu não escutasse mais bandas femininas por falta de opção do que por não gostar, fui pesquisar por novas bandas e acabei encontrando as Riot Grrrl.


Riot Grrrl são mais do que algumas bandas feitas por garotas, é um movimento feminista que incentivou a mulher a se empoderar e a combater os sexismos existentes no mundo da música. É derivado do movimento Punk durante a década de 90 , numa situação em que as mulheres estavam insatisfeitas pelas poucas oportunidades de participarem de bandas, e quando isso acontecia, geralmente eram só no papel vocalistas, e ainda sim, sendo avaliadas mais por "corpo e sensualidade" do que pelo  que tinham a oferecer enquanto artistas.
Aliás, comecei o título desse post com um dos principais lemas das participantes dessa cena :)
(existem outras visões nesse meio como o Feminismo Anarcopunk, mas que não pretendo aprofundar pois exigiria um post bem mais extenso e entraria em perspectivas econômicas).

para esclarecer, temos a descrição de Melo, Érica (2008 : 10) sobre o que seria o movimento das Riot Grrl :
"Trata-se da cultura juvenil feminista riot grrrl. São jovens garotas que, ao associar música e política, questionam, denunciam e desconstroem as relações desiguais de gênero e suas conseqüências, em especial as relativas à juventude, e constroem, a partir de uma linguagem e de práticas, uma identidade feminista."
Em uma época caracterizada por um aspecto bem misógino no meio do rock (misógino aqui no sentido que mulheres não eram consideradas capazes de produzir boas bandas e bons shows pelos homens), as jovens que participavam da cena Punk começaram a se questionar sobre o seu espaço, bem como sobre o reconhecimento do seu gênero nos seus feitos.
"E as mulheres? Uma ou outra estava numa banda ou escrevia algo, mas seu gênero nunca escapava quando era observada: “Olha, essa menina toca guitarra como um homem!”. Melo Érica (2008: 12).
Uma das bandas predecessoras do movimento foi a "Bikini Kill", nome esse  que começou simplesmente como um novo Zine (tipo esse)* de garotas engajadas ao movimento, que posteriormente acabou se tornando uma das principais bandas que lutavam pela igualdade de reconhecimento dentro do punk. Kathleen Hanna, a vocalista, criou um grito de gerra e enfrentou da forma mais incisiva o sexismo presente no cenário punk. Durante seus shows ela gritava; ‘Women to the front!’ (mulheres à frente) e distribuía para as garotas folhetos e zines, com letras das músicas e críticas em relação aos integrantes do movimento Punk que as discriminavam, incentivando o empoderamento das meninas que tinham a vontade de montar a sua própria banda e a participar "como os homens faziam". 
*(Zines são revistas e panfletos amadores e sem fins lucrativos, que tiveram muita importância no Punk e entre as Riot Grrrl)

Vale lembrar, que não eram todas as bandas do estilo que tinham essa atitude (Mas fala sério : Ia ser legal demais se fossem todas!), mas independente disso cada banda deixou sua marca e contribuição para o sucesso do movimento que ainda existe e tem sua própria força de luta.


 Bikini Kill, da esquerda pra direita: Tobi Vail, Kathleen Hanna e kathi wilcox
Fonte: Google Imagens

A vocalista dessa banda, Kathleen Hanna ganhou um documentário recente que conta muito da história dela, e no que sua criação implicou em suas motivações, tornando-a um ícone digno de admiração.
Mais informações sobre ela você pode ver nesse link:
Kathleen Hanna: A explosão feminista com o tempero do Punk.

Apesar de ter citado só uma das principais, o movimento Riot Grrrl é composto por muitas bandas, que continuam a surgir e fazem desse novo movimento uma nova corrente do feminismo com bastante engajamento político acerca dos mais variados temas em prol da mulher na sociedade atual.

Algumas bandas: Bratmobile; 7 Year Bitch; Babes in Toyland; Cheesecake; CWA(Cunts with Attitude); Excuse 17; Fabulous Disaster; Gossip, Heavens to Betsy; Huggy Bear; L7; Le Tigre; Mambo Taxi; Pussycat Trash; Skinned Teen; Sleater-Kinney; Tattle Tale; The Breeders; The Gits; Voodoo Queens; etc.

Bandas Brasileiras: Dominatrix (principal banda brasileira entre as Riot); Dominatrix; Rock Roach; Cosmogonia; Sündae; Banda Pulso; Anti-Corpos; The Hats; Miss Junkie; Hell Cats; Lava; Suffragettes; Biggs; Cínica; Biônica; Santa Claus; Bertha Lutz; SA44; Bonecas de Trapo; Virtuose HC; HedeOma; Lolittas; Endorfina; Toxoplasmose; Banda Marimite; Riot Kill; Baby Lizz; The Jezebels; Frida Punk Rock; Blas Fêmea; Endometriose; etc.


Encontrei essa lista de bandas aqui : O que é, e o que foi o Riot Grrrl? 

Pra quem se interessar mais sobre o assunto, além da leitura desse post, recomendo muito a leitura dessa página, porque também aborda de forma bem completa a temática. 

Uma "polêmica" recente que envolve uma dessas bandas aconteceu na Rússia, com o Pussy Riot. Todas as integrantes foram presas em fevereiro 2012 por ordem do presidente Vladmir Putin ao realizarem um show denominado de "Oração Punk" na catedral de Moscou contra a repressão do governo.  

Rolling Stones: Integrante do Pussy Riot Afirma que o grupo ainda quer derrubar Vladmir Putin.

Gente, fala sério se elas não são demais quando estão lutando? 


Pussy Riot
Fonte: Google Imagens

Concluindo: Eu fiz um apanhado bem básico das informações sobre o movimento, mas acredito que o assunto em si é muito interessante tendo em vista que o tema é bem extenso e aborda muitos outros aspectos e formas nas suas publicações, mostras culturais, festivais, zines e  na vida de suas integrantes.

Como sempre, deixo alguns links aqui para consulta bem como as referências que eu utilizei: 

1- Arquivo Riot Grrrl Brasil
Essa é uma página criada por meninas influenciadas pelo movimento com várias bandas, coletivos que acontecem, festivais e portais.  

2- Blog Girls Whit Style
Esse blog não é somente sobre as Riot Grrrl , mas o post que eu utilizei para ajudar na montagem desse fala sobre o documentário feito para a Kathleen Hanna do Bikini Kill e faz um apanhado sobre a sua história bem detalhado.

3- Riot Grrrl: Mulheres Engajadas
Esse é um artigo que remonta mais os aspectos históricos e musicais (tem uma discografia sensacional) 

4- Anarcolítico: O que é, e o que foi o Riot Grrrl
O nome é o mesmo de um outro post de blog que eu já coloquei, mas vale a pena dar uma conferida porque mesmo que todos os post abordem esse tema, cada um tem um jeito diferente que faz a compreensão geral ser mais interessante.


" Eles nos ensinam a ficar quietas, mas nós vamos mostrar a eles o poder da nossa voz"
Fonte: Google Imagens. 


Referência Bibliográfica:  

Melo, Érica Isabel de. "Cultura juvenil feminista Riot Grrrl em São Paulo política".
Érica Isabel de Melo. - - Campinas, SP : [s. n.], 2008.
Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000440787&fd=y>










0 comentários:

Tecnologia do Blogger.

Popular Post

Seguidores