quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
A construção social da masculinidade: por que ser parecido com mulheres é vergonhoso para os homens?
Texto de Maria Carolinna Camilo
No dia 20 de fevereiro fiz uma enquete/pergunta nas mídias sociais Facebook e Twitter como modo de reflexão. O questionamento foi: "A maioria dos xingamentos contra homens ataca sua masculinidade. Porque ser fraco parecido com mulher é vergonhoso para os homens?". Esse tipo de pergunta incomoda e gera muita polêmica, além de ser muito difícil de responder, mesmo que evidentemente a resposta mais clara seria a questão da construção social da imagem do homem e da mulher perante a sociedade. As melhores respostas foram as seguintes :
TWITTER:
FACEBOOK:
COMENTÁRIO
A questão da masculinidade do homem é muito forte na nossa sociedade, desde a antiguidade até os dias de hoje, se avaliarmos os padrões e as regras que constituem a nossa sociedade, perceberemos uma quantidade imensa de instituições sociais de relação de poder, construídas a partir da identidade sexual biológica. Devemos seguir uma lógica de construção social e cultura de gênero. Acho importante fazer um parênteses para falar sobre gêneros, antes de entrar na questão da pergunta.
O gênero é uma categoria de análise muito complicada, definimos em nossa sociedade que gênero é o que separa o que está relacionado ao homem e o que está relacionado à mulher. Entretanto esse é um pensamento construído pelo senso comum de forma errônea, muitas vezes equivocado e arbitrário, isso leva muitas vezes as pessoas a não se manifestarem quanto a sua sexualidade ou retardarem essa manifestação por não se enquadrarem no gênero que lhe é imposto (questão muito problemática). A verdade é que não existe consenso sobre a definição de gênero. Eu particularmente gosto da definição de Judith Butler que vai dizer que gênero não é apenas "inscrição de significado num sexo, mas deve designar também o aparato de produção." - Toneli e Becker colocam bem essa definição:
"Butler introduz a ideia de que o gênero emerge no mundo
performaticamente inscrito nas práticas discursivas cotidianas, expressas e
constituídas pelo vestuário, maneiras e comportamentos, de sorte que é somente
dentro da cultura e do pensamento político que podemos desenhar uma linha entre
sexo e gênero (entre o natural e o social, entre o político e o não político,
etc.). (2010, pp. 1-2)."
É através da construção do gênero masculino dominante, ao abordar questões que são atribuídas a um homem, que faz com que na nossa sociedade o homem rejeite qualquer relação que possa diminuir sua masculinidade.
"Para constituir-se como tal, a
masculinidade faz-se enquanto um dispositivo regulatório, no intuito de
distanciar tudo aquilo que possa colocá-la em risco, que possa invalidar o seu
projeto de inscrever no corpo, como dado natural, a equação sexo masculino =
gênero masculino. Logo, a masculinidade é uma produção de controle que, para
garantir a eficiência de sua operação normativa, faz o sujeito nascido
biologicamente no sexo masculino incorporar e enunciar uma recusa a tudo aquilo
que é visto como informe e abjeto, isto é, aos comportamentos, corpos e
sexualidades considerados desviantes. (MASSENO, 2012, p. 5)."
Simone
de Beauvoir começar o Capítulo 1 de seu livro “O segundo sexo: fatos e mitos”
reforçando essa ideia dizendo que, na boca do homem o epíteto "fêmea"
soa como um insulto; no entanto, êle não se envergonha de sua animalidade,
sente-se, ao contrário, orgulhoso se dele dizem: "É um macho!". Gosto muito de um exemplo que ela usa, que talvez ilustre isso aqui:
"Em toda parte e em qualquer época, os
homens exibiram a satisfação que tiveram de se sentirem os reis da criação.
"Bendito seja Deus nosso Senhor e o Senhor de todos os mundos por não me
ter feito mulher", dizem os judeus nas suas preces matinais, enquanto suas
esposas murmuram com resignação: "Bendito seja o Senhor que me criou
segundo a sua vontade". Entre as mercês que Platão agradecia aos deuses, a
maior se lhe afigurava o fato de ter sido criado livre e não escravo e, a
seguir, o de ser homem e não mulher. (1970, p.16)"
UMA REFLEXÃO PARA TODOS OS GÊNEROS
Fonte:http://www.brasilpost.com.br/2014/10/19/feminismo-mudar-mundo_n_6006788.html
BIBLIOGRAFIA
MASSENO, André. As performances do perigoso e a dança contemporânea brasileira – breves apontamentos. Performatus. ano 1 - nº 4. 2013.
TONELI. Maria Juracy Filgueiras; BECKER. Simone. A violência normativa e os processos de subjetivação: contribuições para o debate a partir de Judith Butler. Fazendo Gênero 9: Diásporas, Diversidades, Deslocamentos, 2010
BEAUVOIR, Simone – O Segundo Sexo – Volume II – Fatos e Mitos, 1970.
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Carol, incrível. Milhares de anos de civilização para uma mera IDEOLOGIA mudar a mente das pessoas, inclusive a sua.
ResponderExcluirNão adianta o que o feminismo prega, a igualdade, a feminilidade, a ampliação da sexualidade, não importam. No fim dos tempos, mais cedo ou mais tarde, os Homens sairão irão a guerra! Irão brigar e defender a humanidade e até Você, e isso não é uma construção social! Vamos debater, este é o desafio!
Vejamos, o Homem, desde a mais tenra idade, precisa e faz, um esforço para tornar-se Homem. Toda criança cresce na barra da saia da mãe e sendo mimado pela avó, é preciso um esforço para se conhecer, para saber qual o seu "animus" natural.
O menino é ensino - ou se quiser, doutrinado - a engolir o choro, a não fazer isso ou aquilo porquê Homem não faz! Se deixar-se levar pelas meras ideologias ele tornar-se-á afeminado.
No século passado um "Dr" chamado John Money, iniciou um experimento animal com uma família nos EUA, um de seus dois filhos teve um problema na genitália, e o enteligentíssimo doutor propôs a família que fizessem uma cirurgia para resignação da genitália masculina para a feminina e que, então, passassem a criar o garoto como garota, com vestidos e tudo mais, e assim o fizeram!!!
Nos encontros que o "dr" tinha com os irmãos, ele publicava incríveis artigos, falando sobre seu experimento e como tinha dado certo, como a construção sexual era realmente social.
Ocorre, contudo, que tudo era uma grande mentira, os irmãos eram abusados na seção, eram "convidados" a se acariciar e em fim... Na adolescência, o garoto que foi construído socialmente como garota, passou a achar-se estranho, as unhas, o cabelo, o vestido, não lhe era agradáveis, ele descobriu a maluquice dos pais e deste doutor! Tornou-se Homem, voltou ao estado "a quo" do seu nascimento, seu irmão morreu, ele morreu e seus pais morreram, NENHUM DE FORMA NATURAL! O transtorno foi tanto que se afundaram nas drogas e em traumas psicológicos irremediáveis. Desde aquela época, o que se vê, são estudos infundados e alienados e ideológicos a respeito dessa "construção social/sexual".
Recentemente o filme "A dinamarquesa", de forma muito "linda", mostrou aos alienados como era lindo se descobrir e ser feliz na sexualidade diversa da qual a pessoa nasceu. Mas o filme não mostra o contínuo transtorno e INFELICIDADE mesmo após a cirurgia, como foi na vida real ao qual o filme se baseou.
Sabe, Carol, o discurso é muito lindo e libertador, mas infelizmente esta ideologia não está tirando ninguém das dúvidas e das incertezas, pelo contrário, planta-se apenas o relativismo, ninguém é nada e tudo pode ser tudo.
Você! está se esquecendo da sua delicadeza, está se esquecendo que o Homem irá lhe proteger não porquê a sociedade lhê ensinou, mas simplesmente porquê ele é Homem! Você está se esquecendo que por trás de um "machismo", a masculinidade vai muito além, ela ultrapassa horas de jornadas de trabalho, ela ultrapassa guerras, ela ultrapassa suor, ela ultrapassa construções imobiliárias, ela ultrapassa o cavalheirismo, mas quando a isso, não se preocupe, nós, Homens, não queremos para Vocês, mesmo que Vocês gritem que somos iguais e que tudo pode ser tudo, nós não queremos para Vocês, assim como não queremos para nós, não escolhemos, simplesmente somos!
Boa noite, Senhorita.
Disse tudo e enalteceu o homem um ANÔNIMO... de fato, homens são corajosos naturalmente...
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