sexta-feira, 6 de novembro de 2015

"Vem chegando o verão, o calor no coração, essa magia colorida.."
Na verdade, vem chegando o verão, calor, e o que mais penso é: vou assar.
Muitas pessoas passam bem pelo período da menstruação, ficam poucos dias e só. Porém o mundo não é belo assim para todas. Há quem diga que o pior da menstruação, é o absorvente.
E se eu te falasse que pra tudo na vida dá-se um jeito, e que há uma solução e seus problemas acabaram? Já ouviu falar do coletor menstrual? Ele é essa copinho pequenininho feito de silicone:

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Nós temos uma tendência (ou até mesmo uma pressão) a cuidarmos em excesso do corpo, a nos preocuparmos com o externo, e talvez nos esquecemos um pouco do nosso lado de dentro, esquecemos de conhecer e descobrir nossas partes sexuais, tentar compreender melhor nosso fluxo menstrual e talvez aprender a lidar melhor com ele, afinal, ele provavelmente vai te acompanhar por quase toda sua vida.

O ato de menstruar é um ato biologicamente natural, “não é natural seu sentido, sua significação, suas diversas explicações e os efeitos que esses sentidos têm sobre o corpo individual e social?” Quando ocorre a primeira menstruação de uma mulher, representa uma mudança no seu corpo, uma mudança no seu processo de desenvolvimento, e uma aptidão para abrigar uma nova vida dentro do seu corpo. Porém a maneira como esse processo será percebido irá variar de acordo com o âmbito no qual a mulher se encontra, dependendo do “complexo de valores culturais de determinada sociedade.” Cecília Sardenberg explica a situação tendo em vista que “os diferentes significados e condutas associadas a menstruar obedecem a lógicas culturalmente específicas, configurando o que aqui denomino de ordens prático-simbólicas da menstruação”. Ela afirma que, desde sempre, funções biológicas tiveram diversas funções, como associando o sêmen, a menstruação ou as relações sexuais à seres sobrenaturais, como por exemplo espíritos ancestrais ou deuses
Margaret Mead considerou que “suas observações antropológicas abrem a discussão sobre a incidência da cultura nos comportamentos das pessoas e mostram que os fenômenos relativos ao processo reprodutivo e, em particular, à menstruação podem ser objeto das mais diversas interpretações.”
Porém, há sempre pessoas que interpretam de forma  negativa essas representações. “O corpo feminino sangrando parece ser visto e mostrado como um objeto paradoxal, nefasto, um local em que se aproximam o profano, impuro, e o sagrado sem controle ou domínio. A regularização (via medicalização) do ciclo seria o meio de ‘dominar’ a mulher.”


Os absorventes internos sugam seu sangue, e obviamente ( é algo óbvio que nunca paramos para analisar) seus nutrientes e fluidos naturais, sem contar que nunca nos foi explicitamente contado de que há a suspeita de que tenham aditivos químicos, como a dioxina, usada para branquear produtos, colocados nas fibras do algodão, esse mesmo algodão que enfiamos dentro da gente.
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Voltando à apresentação da mudança que ocorrerá na vida de vocês, queríamos falar sobre o coletor menstrual. O primeiro copinho, ou coletor menstrual, foi criado em 1937, por Leona W. Chalmers, porém ela utilizou latéx, o que não gerou tanto sucesso na época, tendo em vista que o latéx tem grande probabilidade de gerar alergias.

 O novo coletor é um copinho produzido de silicone medicinal flexível, reutilizável e que, ao invés de sugar seu sangue, ele vai colhê-lo! Ok, pode soar estranho. Tenho certeza que tem gente que vai ler e pensar: eca, não quero ver meu sangue em um pote, lavar e depois usar de novo, que anti-higiênico. Anti-higiênico pra mim é ficar jogando absorvente no lixo várias vezes ao longo do dia. Ah, e só queria fazer uma observação de que o sangue só deixa um cheiro um tanto quanto desagradável quando entra em contato com o ar, logo você não ficará mais com aquele cheirinho durante todo o  período em que estiver menstruada caso use um copinho, que pode ficar no seu corpo por até 12 horas. Isso mesmo, 12 horas, sem danos ou desconfortos. Você o coloca e quando quiser tirar é só lavar e colocar de novo e, ao término do ciclo, é só fervê-lo e já está pronto para o uso novamente.

 




De acordo com a ginecologista Fernanda Araújo Pepicelli, do Hospital Bandeirantes, em São Paulo,  “a mulher brasileira tem uma dificuldade de se conhecer, de saber como é o corpo dela mesma. A maioria das mulheres nunca colocou um espelhinho para se olhar. O coletor não é invasivo, mas a mulher tende a não se conhecer direito; [não conhece] a cavidade vaginal, onde está o colo do útero, onde está a vagina. Uma boa parte das mulheres desconhecem como é seu próprio corpo; então, acho que isso é a maior dificuldade de as mulheres aceitarem, é um pouco cultural”.

As vantagens do uso desse coletor são enormes. Se pensamos só na gente, já tem o aprendizado de saber como seu corpo realmente é, de ter que se conhecer melhor para poder colocar e encaixar bem o potinho, e claro, provavelmente você vai perceber que sangra muito menos do que imagina. Ao utilizar absorventes, o sangue se espalha, o absorvente interno incha, e com isso achamos que estamos tendo quase uma hemorragia. Também vai ter a incrível vantagem de não ter mais nada para desequilibrar seu Ph vaginal! Sem cheirinhos chatos, sem alergia ao absorvente, sem assaduras, sem problemas para fazer exercícios, sem problemas para ficar de biquíni, sem vazamentos, sem preocupações com a troca constante ou com o esquecimento do absorvente, etc etc etc.

Além disso há a incrível vantagem ambiental. Segundo dados fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC – o consumo de absorventes higiênicos fica em torno de 4 bilhões de unidades. “Ao fim de sua vida fértil, uma mulher poderá ter utilizado mais de dez mil unidades de absorventes higiênicos. Eles terminam despejados em “lixões” e, como não são biodegradáveis, demoram em média cem anos para se decompor na natureza.”
Não só em questões ambientais, esse copinho ainda está trazendo mudanças sociais, como por exemplo as mudanças que está causando na vida de meninas na África (veja aqui).



Apesar de ser um material seguro, o copinho não é regulamentado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por e-mail, a Anvisa informou que “coletores menstruais não são produtos regulamentados, nem como Produto para Saúde (diafragmas têm registros) e nem como Cosméticos (absorventes íntimos são regulados, mas isentos de registro)”; ou seja, dessa forma, a agência “não dispõe nas áreas técnicas de informações relativas à qualidade e eficácia desses produtos”. Com isso, caso tenha interesse de comprar, é só pesquisar na internet, no Brasil é possível encontrar algumas marcas mais conhecidas, como InCiclo, Holycup, Miss, Lunnette, entre outras, e que possuem representantes em vários lugares, logo você pode optar em comprar pela internet ou com algum representante, e há também grupos em redes sociais, como o Facebook, onde você pode encontrar pessoas da sua cidade que vendem. Ele custa em torno de R$75,00, mas é um ótimo custo x benefício, afinal, se higienizado de forma correta, ele pode durar de 5 a 10 anos. Tudo é uma questão de adaptação, de fazer o mínimo esforço para perceber que sangue não é esse caos todo que imaginamos. “Guarde seu nojinho para coisas mais importantes”.


Segue abaixo o link de um vídeo rapidinho de Jout Jout que trata desse lindo copinho: https://www.youtube.com/watch?v=ZcsgqmSNXXA


Como utilizar esse potinho mágico? Basta ir com calma, com jeitinho.. que vai!


                                                                                                             Texto de Luiza Torrezani.



Bibliografia

FERREIRA, Silvia Lúcia. A construção científica do Conhecimento acerca da menstruação. Trabalho apresentado. Grupo de Estudos sobre Relações de Gênero e Condição Feminina, NEIM/UFBA, Salvador, 1994.

NATANSOHN, Graciela  – O corpo feminino como objeto médico e “mediático” – Rev. Estud. Fem. vol.13 no.2 Florianópolis May/Aug. 2005 – Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2005000200004&script=sci_arttext&gt;

SARDENBERG, Cecília. De sangrias, tabus e poderes: a menstruação numa perspectiva sócio-antropológica. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, CIEC/ECO/UFRJ, v. 2, n. 2, 1994. p. 314-344.

OWEN, Laura. Seu sangue é ouro: Resgatando o poder da menstruação. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1994.

INMETRO. Informações ao consumidor: absorventes higiênicos. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/absorventes.asp> Acesso em 05/11/2015 às 22:30

ABSORVENTES femininos causam problema ambiental. Disponível em: <http://noticias.ambientebrasil.com.br/exclusivas/2008/10/27/41560-exclusivo-absorventes-femininos-causam-problema-ambiental-ja-combatido-por-alternativas-no-mercado-brasileiro.html>  Acesso em 05/11/2015 às 22:50.

INCICLO. Disponível em:<http://www.inciclo.com.br/ > Acesso em 06/11/2015 às 18:20.

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